Neuroplasticidade: A Revolução Biológica que Redefine o Ensino no Século XXI Por [Hallan de Oliveira]
Após mais de uma década e meia observando a intersecção entre a neurociência e o ambiente de sala de aula, posso afirmar com convicção: a descoberta e o aprofundamento da neuroplasticidade não são apenas avanços científicos; eles são a justificativa biológica para a urgência de novos métodos de ensino.
Por muito tempo, a ciência dominante sustentou o dogma de
que o cérebro era um órgão rígido, com uma arquitetura imutável após a
infância. Essa visão levava a um "niilismo neurológico", sugerindo
que déficits ou dificuldades de aprendizado eram permanentes. Contudo, a
moderna neurociência causou uma explosão de pesquisas ao provar que o
cérebro é, na verdade, moldável, flexível — "plástico", e essa
capacidade de transformação nos acompanha por toda a vida, do berço ao túmulo.
O Fim do Paradigma do Cérebro Fixo
A neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de
alterar permanentemente ou prolongadamente sua função e sua forma em
resposta a ações do ambiente externo, significa que não estamos presos ao
cérebro com o qual nascemos.
O processo de aprendizado, que é a aquisição de
informações que serão retidas na memória, se resume, no nível celular, à
alteração da força (ou peso) das sinapses (as conexões entre os
neurônios). Experimentos demonstram que o ato de pensar, aprender ou agir
pode ativar ou desativar nossos genes, remodelando a anatomia cerebral.
O que antes era considerado apenas uma intuição pedagógica,
agora tem base neural: os neurônios que trabalham juntos, permanecem juntos, um
conceito conhecido como a Lei de Hebb. Além disso, o princípio do "use
ou perca" é rigoroso: as células e conexões estimuladas serão
fortalecidas e sobreviverão, enquanto as pouco usadas serão enfraquecidas ou
eliminadas por um processo de "poda" neural, que é mais drástico na
adolescência.
Essa perspectiva justifica a Educação 2.0, que se
opõe à memorização passiva (Educação 1.0), pois o cérebro está pronto para
desenvolver novos circuitos e, consequentemente, adquirir novos hábitos
e conhecimentos ao longo da vida.
Pilares de uma Didática Neurocientífica
Uma didática eficaz no século XXI deve alinhar as
estratégias de ensino com o funcionamento biológico do cérebro. O professor
deve se tornar um facilitador e orientador, orquestrando as seguintes
ações para otimizar a plasticidade:
A Neurociência, portanto, oferece um substrato poderoso para
a transformação e aprimoramento da prática pedagógica, permitindo que os
educadores elaborem estratégias mais conectadas à biologia cerebral dos alunos.
É ineficaz negar essas novas descobertas, e a atualização contínua do
professor ("alfabetização neurocientífica") é fundamental para
subsidiar a criação de novos métodos de ensino e desmistificar
"neuromitos".
A neuroplasticidade é a chave para uma educação que busca
não apenas transmitir o conhecimento, mas sim transformar o modo como o
aluno maneja essa informação, ensinando-o a ser, de fato, inteligente e
livre.

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