Pular para o conteúdo principal

O Imperialismo na América Latina: Legado Colonial e Ascensão das Novas Potências [Por Hallan de Oliveira]


Após as independências latino-americanas no século XIX, um novo tipo de imperialismo, mais sutil e lucrativo, se instalou na região. Impulsionado pela expansão do capitalismo industrial, potências como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos buscaram garantir mercados consumidores e acesso a matérias-primas, consolidando sua influência econômica e política sobre os países latino-americanos.

A Grã-Bretanha, pioneira na Revolução Industrial, utilizou sua diplomacia para estabelecer tratados comerciais vantajosos com os países latino-americanos. Esses acordos, muitas vezes impostos sob pressão, asseguravam à Grã-Bretanha tarifas alfandegárias reduzidas e privilégios na navegação, dificultando o desenvolvimento industrial local e reforçando a dependência econômica da região em relação à metrópole.

O liberalismo pregado pelos britânicos, apesar de defender o livre comércio, serviu para manter a América Latina como fornecedora de matérias-primas e consumidora de produtos industrializados. Essa nova forma de imperialismo, sem os custos de administração colonial direta, mostrou-se extremamente lucrativa para a Grã-Bretanha.

Com a ascensão dos Estados Unidos como potência industrial no final do século XIX, a influência britânica na América Latina começou a ser desafiada. A crescente demanda por recursos naturais e mercados consumidores impulsionou a expansão econômica norte-americana na região. Em 1929, 40% do total de investimentos externos dos EUA já estavam concentrados na América Latina.

A política externa dos EUA em relação à América Latina foi marcada por intervenções militares, apoio a ditaduras e exploração econômica. A Doutrina Monroe (1823), que defendia a hegemonia norte-americana no continente americano, e o Destino Manifesto (meados do século XIX), que pregava a missão civilizadora dos EUA, forneceram a base ideológica para a interferência norte-americana nos assuntos internos dos países latino-americanos.

O Pan-Americanismo, movimento que buscava a união dos países americanos, foi utilizado pelos EUA como instrumento para consolidar sua influência na região. Sob a retórica da cooperação e do progresso, os EUA buscavam garantir seus interesses econômicos e políticos na América Latina.

O imperialismo deixou marcas profundas na história da América Latina, impactando seu desenvolvimento econômico, social e político. A dependência em relação às potências estrangeiras, a desigualdade social, a instabilidade política e a exploração dos recursos naturais são alguns dos legados do imperialismo na região.

É fundamental analisar criticamente o imperialismo na América Latina, compreendendo suas nuances e consequências para a realidade da região. As fontes históricas, como tratados, documentos diplomáticos, relatos de viajantes e obras de historiadores, são essenciais para a construção de uma compreensão mais completa e aprofundada desse processo histórico.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa mental das características do Antigo Regime.

O Movimento Black Lives Matter: Uma Análise Acadêmica [Por Hallan de Oliveira]

O movimento Black Lives Matter (BLM), traduzido para o português como "Vidas Negras Importam", é uma iniciativa global que surgiu como resposta à violência sistêmica e ao racismo estrutural enfrentados pela população negra, especialmente nos Estados Unidos. Fundado em 2013, o movimento ganhou projeção internacional após uma série de protestos contra a brutalidade policial e a injustiça racial, tornando-se um dos mais significativos movimentos sociais do século XXI. Contexto Histórico e Origem O BLM foi criado por três ativistas: Alicia Garza , Patrisse Cullors e Opal Tometi, em reação à absolvição de George Zimmerman, acusado de assassinar o adolescente Trayvon Martin em 2012. A hashtag #BlackLivesMatter foi utilizada pela primeira vez nas redes sociais como forma de denunciar a violência racial e mobilizar a sociedade civil. Conforme destacado por Taylor (2016), o movimento surgiu em um contexto de crescente visibilidade de casos de violência policial contr...

SIGNIFICADO DE ÁFRICA.

            A palavra ÁFRICA possui até o presente momento uma origem difícil de elucidar. Foi imposta a partir dos romanos sob a forma AFRICA, que sucedeu ao termo de origem grega ou egípcia Lybia, país dos Lebu ou Lubin do Gênesis. Após ter designado o litoral norte ‑ africano, a palavra África passou a aplicar ‑ se ao conjunto do continente, desde o fim do século I antes da Era Cristã. Mas qual é a origem primeira do nome? Começando pelas mais plausíveis, pode ‑ se dar as seguintes versões: • A palavra África teria vindo do nome de um povo (berbere) situado ao sul de Cartago: os Afrig . De onde Afriga ou Africa para designar a região dos Afrig. • Uma outra etimologia da palavra África é retirada de dois termos fenícios, um dos quais significa espiga, símbolo da fertilidade dessa região, e o outro, Pharikia , região das frutas. • A palavra África seria derivada do latim aprica (ensolarado) ou do grego aprike (isento de frio)....