sábado, 23 de novembro de 2024

Descrição das Guerras entre 1792 e 1815 por Hobsbawm [Por Hallan de Oliveira]

 Hobsbawm descreve as guerras entre 1792 e 1815 como um período de quase incessante conflito na Europa, com guerras simultâneas ocorrendo em outras partes do mundo, como nas Antilhas, Levante, Índia e EUA. Essas guerras foram significativas, pois reconfiguraram o mapa mundial. Hobsbawm enfatiza a necessidade de analisar tanto as consequências geopolíticas da vitória e da derrota, como o impacto do próprio processo bélico, incluindo a mobilização de recursos, as operações militares e as medidas políticas e econômicas decorrentes.

Rivalidade Anglo-Francesa e a Ascensão da Grã-Bretanha

O autor destaca a rivalidade secular entre a França e a Grã-Bretanha, que moldou a política europeia durante grande parte do século XVIII e culminou em repetidas guerras. A França, representando a "clássica" monarquia absolutista e aristocrática, se viu desafiada pela Grã-Bretanha, que representava a ascensão de uma nova ordem social.

A Grã-Bretanha, com sua economia robusta, agressividade na conquista de mercados e uma indústria adaptada à revolução industrial, conseguiu eliminar virtualmente todos os seus rivais no mundo não europeu, exceto os EUA, durante as guerras entre 1738 e 1815. O autor argumenta que a indústria algodoeira britânica, impulsionada pelo comércio colonial e pelo apoio governamental, monopolizou setores-chave da economia global e alcançou uma expansão meteórica.

A Revolução Francesa e o Impacto da Guerra

Hobsbawm examina como a Revolução Francesa, em meio a dificuldades econômicas e à crescente pressão por reformas, encontrou na guerra uma forma de unir o povo contra inimigos externos, atribuindo os problemas do novo regime a conspirações de emigrantes e tiranos estrangeiros. A guerra, declarada em abril de 1792, serviu como catalisador para a radicalização do movimento revolucionário, culminando na derrubada da monarquia, estabelecimento da República e uma nova era na história humana.

O autor argumenta que as guerras revolucionárias francesas introduziram o conceito de guerra total, mobilizando os recursos da nação através do recrutamento em massa, racionamento, controle econômico e a dissolução da distinção entre civis e militares. Esse conceito, embora não totalmente compreendido na época, teve implicações profundas para a condução da guerra no século XX.

Guerrilha como Tática Antifrancesa

Curiosamente, a tática militar que no século XX se tornaria sinônimo de guerra revolucionária, a guerrilha, foi empregada principalmente pelos inimigos da França entre 1792 e 1815. Movimentos de resistência popular, frequentemente imbuídos de um conservadorismo militante baseado na Igreja e no Rei, utilizaram a guerrilha contra a conquista francesa em regiões como a Vendéia, Bretanha, sul da Itália, Tirol e Espanha.

O Bloqueio Continental e a Guerra Anglo-Americana

A política externa francesa, com sua hostilidade à Grã-Bretanha e o bloqueio continental imposto após 1806, teve consequências importantes. O bloqueio, que visava estrangular o comércio britânico, empurrou potências marítimas neutras para o conflito, culminando na guerra anglo-americana de 1812-1814.

A rivalidade franco-britânica, marcada pela busca por vitória total de ambos os lados, resultou em um conflito persistente e obstinado. A paz de 1802-1803 foi efêmera, e a situação militar, com a incapacidade britânica de invadir o continente e a francesa de controlá-lo, impôs uma paralisia estratégica.

Supremacia Francesa em Terra

Apesar da superioridade numérica das coalizões antifrancesas, os exércitos franceses obtiveram uma série de vitórias impressionantes entre 1794 e 1812. Hobsbawm atribui esse sucesso à Revolução Francesa, que, embora não tenha gerado revoluções em outros países, inspirou os franceses a lutar com fervor e determinação.

O autor descreve uma sequência de campanhas vitoriosas: a preservação da Revolução em 1793-1794, a ocupação de territórios estratégicos em 1794-1795, a conquista da Itália em 1796, a retomada da ofensiva em 1799, a paz com os aliados continentais em 1801 e a expansão da influência francesa até a fronteira russa em 1805-1807.

Impacto Econômico e Social da Guerra

Embora as guerras napoleônicas tenham causado perdas humanas significativas, Hobsbawm argumenta que o impacto material e humano dessas guerras foi relativamente limitado em comparação com conflitos anteriores e posteriores. A relativa brevidade das campanhas, a tecnologia militar menos destrutiva da época e o período de prosperidade econômica que antecedeu a 1789 mitigaram os efeitos devastadores da guerra.

O autor enfatiza, no entanto, que as exigências econômicas da guerra, em particular o seu alto custo, tiveram consequências profundas. As guerras revolucionárias e napoleônicas, excepcionalmente caras para os padrões da época, forçaram os governos a buscar novas formas de financiamento.

A Grã-Bretanha, por exemplo, introduziu um imposto de renda sem precedentes para custear o esforço de guerra, evitando um aumento ainda maior da dívida pública. Essa medida, embora eficaz, teve consequências sociais significativas, transferindo recursos da população em geral para os ricos "portadores de fundos".

O fim da guerra, com a desmobilização em massa e a queda na demanda por bens de guerra, gerou problemas de reajuste econômico em toda a Europa. A Grã-Bretanha, por exemplo, viu seu exército reduzido em 150 mil homens e o preço do trigo cair drasticamente entre 1814 e 1818.

Hobsbawm conclui que a guerra teve um impacto ambíguo no desenvolvimento econômico. A França, embora tenha saqueado e explorado os territórios conquistados, sofreu um revés econômico significativo durante a década de revolução e guerra civil. A Grã-Bretanha, por outro lado, apesar da desaceleração econômica, conseguiu eliminar seu principal rival e consolidar sua supremacia global por décadas.

Legado das Guerras Napoleônicas

As guerras napoleônicas, que terminaram em 1815, deixaram um legado duradouro. Hobsbawm destaca o sucesso do Congresso de Viena em estabelecer um sistema de relações internacionais que evitou grandes conflitos entre as potências europeias por quase quatro décadas. Esse período de paz, notável para os padrões do século XX, permitiu que a Europa se reconstruísse e se industrializasse.

No entanto, o autor observa que as sementes da instabilidade já estavam presentes. Movimentos revolucionários, o declínio do Império Otomano, a rivalidade entre Grã-Bretanha e Rússia e a insatisfação francesa com sua posição internacional criaram um clima de tensão que eventualmente levaria a novas crises e conflitos.


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

A Guerra Fria Infiltra-se na América Latina: Um Jogo de Sombras e Ideologias [Por Hallan de Oliveira]

A Guerra Fria, conflito que moldou a segunda metade do século XX, não se limitou à Europa e à Ásia. A América Latina, palco de desigualdades sociais, instabilidade política e revoluções, viu-se enredada nesse jogo de poder entre os Estados Unidos e a União Soviética.

O medo do "fantasma comunista" pairou sobre a região, alimentando intervenções, golpes militares e ditaduras. Para os EUA, qualquer movimento de esquerda, por mais moderado que fosse, era visto como uma ameaça à sua hegemonia e uma potencial vitória para o bloco soviético. A América Latina se tornou um campo de batalha ideológico, onde a superpotência americana buscava conter a influência soviética a todo custo.

Um exemplo marcante da interferência americana na região foi a Revolução Cubana de 1959. A ascensão de Fidel Castro ao poder, com sua ideologia socialista, acendeu o alarme em Washington. A ilha caribenha, a poucos quilômetros da Flórida, tornou-se um símbolo da resistência ao imperialismo americano e um foco de inspiração para movimentos de esquerda em todo o continente.

A partir de então, a América Latina testemunhou uma série de intervenções americanas, diretas ou indiretas, com o objetivo de derrubar governos de esquerda e instalar regimes aliados. Golpes militares, como o que ocorreu no Brasil em 1964, e o apoio a ditaduras, como a de Augusto Pinochet no Chile, tornaram-se táticas comuns na luta contra o comunismo.

A Guerra Fria na América Latina não se resumiu a confrontos militares. A propaganda ideológica, a ajuda econômica direcionada e a formação de esquadrões da morte para silenciar opositores foram instrumentos utilizados nesse conflito. A CIA, agência de inteligência americana, desempenhou um papel central na orquestração de muitas dessas ações.

A Revolução Cubana, com sua aura romântica e foco na guerrilha, inspirou movimentos de esquerda em todo o continente. Jovens idealistas, influenciados pelos ideais de Che Guevara, pegaram em armas na tentativa de replicar o modelo cubano em seus países. Grupos guerrilheiros surgiram em diversos países, como Colômbia, Argentina e Peru.

Embora a ameaça soviética na América Latina fosse frequentemente exagerada pela retórica americana, a Guerra Fria teve um impacto profundo na região. Décadas de instabilidade política, violência e repressão deixaram cicatrizes profundas na sociedade latino-americana. As feridas da Guerra Fria ainda estão em processo de cicatrização, e seu legado continua a influenciar a política e a sociedade da região.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

As Origens e a Evolução do Marxismo: Uma Análise Detalhada [Por Hallan de Oliveira]

O marxismo, ou materialismo dialético, é uma teoria social, econômica e política que tem suas raízes no século XIX, a partir dos trabalhos de Karl Marx e Friedrich Engels. Ele moldou profundamente os movimentos políticos e sociais, debates intelectuais e a própria historiografia do século XX.

Aqui estão os principais pontos da história do marxismo:

  • Origens intelectuais: O marxismo se baseia em três pilares principais:

    • A crítica ética do capitalismo presente no socialismo utópico francês.
    • A análise econômica do capitalismo realizada pela economia política clássica inglesa (liberal).
    • A concepção histórica da filosofia alemã, principalmente de Hegel.
  • Karl Marx e Friedrich Engels: Os alemães Karl Marx e Friedrich Engels analisaram o desenvolvimento do capitalismo em obras como "Introdução à Crítica da Economia Política" e "O Capital". Eles argumentaram que a luta de classes era o motor da história, baseando-se em uma concepção materialista da dialética. O proletariado, liderado por sua vanguarda organizada em um partido, conquistaria o poder e implantaria uma ditadura transitória, até a construção do comunismo.

  • Difusão e vulgarização: O marxismo se espalhou rapidamente pelo mundo, tornando-se o credo de milhões de pessoas e a arma teórica da social-democracia internacional. No entanto, essa difusão também levou à sua simplificação e redução a um esquema ideológico elementar. Manuais, sínteses e vulgarizações do Capital, como o "Kürt Marx' ökononiischc Lehren" de Kautsky, desempenharam um papel crucial nesse processo.

  • Debate sobre o revisionismo: No final do século XIX, o debate sobre o revisionismo, impulsionado por Eduard Bernstein, dividiu o movimento marxista. Os revisionistas questionavam a inevitabilidade da revolução e defendiam uma estratégia reformista. Essa disputa marcou o início de uma fratura entre marxistas ortodoxos e heterodoxos.

  • Marxismo Legal na Rússia: Na Rússia, um grupo de intelectuais conhecido como "marxistas legais", incluindo Pêtr Struve, Mikhail Tugan-Baranóvski e Sergei Bulgákov, explorou as ideias marxistas dentro dos limites da lei czarista. Eles se concentraram em expandir as fronteiras teóricas do marxismo, incorporando influências filosóficas diversas. Com o tempo, muitos se afastaram do marxismo e seguiram caminhos individuais, muitas vezes com uma inclinação religiosa.

  • Impacto na historiografia: O marxismo desafiou a historiografia tradicional, que se concentrava em grandes personagens e eventos políticos. Ele introduziu a ideia de que fatores sociais e econômicos, particularmente a luta de classes, são forças motrizes na história. Essa perspectiva, conhecida como materialismo histórico, influenciou profundamente os historiadores, mesmo aqueles que não se consideravam marxistas.

  • O marxismo no século XX: O marxismo continuou a evoluir e se diversificar no século XX, dando origem a várias correntes, como o leninismo, o stalinismo, o maoísmo e o marxismo ocidental. A Revolução Russa de 1917 marcou um ponto de virada, levando à formação da União Soviética e à disseminação do comunismo em escala global.

  • Crítica e reavaliação: Nas últimas décadas, o marxismo tem sido objeto de intensa crítica e reavaliação. O colapso da União Soviética e a ascensão de novas correntes de pensamento, como o pós-modernismo, levaram alguns a questionar a validade das ideias marxistas. No entanto, o marxismo continua a ser um importante referencial para a análise crítica do capitalismo e das desigualdades sociais.

Conclusão: A história do marxismo é complexa e multifacetada. Desde suas origens intelectuais no século XIX até sua influência global no século XX, o marxismo moldou profundamente o pensamento político e social, a historiografia e os movimentos sociais. Embora tenha enfrentado críticas e reavaliações ao longo do tempo, o marxismo continua a ser uma teoria influente e um ponto de referência para a análise social e a crítica do capitalismo.

A tapeçaria cultural da África Subsaariana: Uma Jornada Através dos Séculos [Por Hallan de Oliveira]

 A África subsaariana, um continente vasto e vibrante, pulsa com uma rica herança cultural que se estende por milênios. Longe de ser um monólito cultural, a região abriga uma miríade de povos, línguas e tradições que moldaram uma tapeçaria cultural única. Essa diversidade é evidente na arte, música, religião e sistemas sociais dos povos subsaarianos, cada um contando uma história de resiliência, adaptabilidade e criatividade.

Influências Externas e Adaptação:

Ao longo dos séculos, a África Subsaariana foi influenciada por contatos com outras culturas, como o mundo árabe e as nações europeias. O Islã, por exemplo, teve um impacto profundo na região, introduzindo a escrita, sistemas de pesos e medidas e novos conceitos de organização social. A propagação do islã, no entanto, não obliterou as culturas africanas existentes. Em vez disso, testemunhou-se um processo de sincretismo, onde elementos islâmicos se fundiram com práticas e crenças tradicionais. Essa capacidade de adaptação e fusão cultural é uma marca registrada da história subsaariana.

Tradição Oral como Pilar da Cultura:

A tradição oral desempenha um papel fundamental na preservação da história e cultura subsaariana. Em sociedades com limitada tradição escrita, a história, genealogias, valores morais e conhecimentos práticos foram transmitidos oralmente através de gerações. Essa rica tradição oral serve como uma janela para o passado, oferecendo insights sobre as origens, migrações e interações dos diferentes grupos subsaarianos.

A Arte como Expressão Cultural:

A arte subsaariana é tão diversa quanto os povos que a criam. Esculturas em madeira, máscaras cerimoniais, tecelagem intrincada e cerâmica elaborada são apenas alguns exemplos da vibrante expressão artística da região. A arte não é meramente decorativa, mas desempenha um papel integral na vida social, religiosa e política. As máscaras, por exemplo, são frequentemente usadas em rituais, representando espíritos ancestrais ou divindades, enquanto esculturas podem simbolizar poder, status social ou valores culturais.

Sistemas Sociais e Organização:

A organização social na África Subsaariana varia consideravelmente, desde sociedades igualitárias baseadas em linhagens até reinos complexos com hierarquias sociais elaboradas. O parentesco desempenha um papel crucial na maioria das sociedades, definindo laços sociais, obrigações e herança. A agricultura, a pecuária e a pesca são as principais atividades econômicas, com variações regionais dependendo do ambiente e dos recursos disponíveis.

Desafios da Modernidade:

A África subsaariana enfrenta os desafios da modernidade, incluindo a globalização, urbanização e pressões econômicas. A preservação da herança cultural em face dessas forças é uma tarefa complexa. No entanto, a resiliência e adaptabilidade demonstradas pelos povos subsaarianos ao longo da história sugerem que as tradições culturais continuarão a evoluir e se adaptar às novas realidades.

Conclusão:

A cultura subsaariana é um mosaico vibrante de tradições, línguas e expressões artísticas. Essa rica herança cultural moldou a identidade dos povos subsaarianos e continua a inspirar criatividade e inovação. É essencial reconhecer e celebrar a diversidade cultural da região, promovendo a pesquisa, preservação e o intercâmbio cultural para garantir que essa herança continue a florescer para as gerações futuras.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

A Journalistic Look at the History of Socialism: From Its Origins to Its Global Influence [By Hallan de Oliveira]

Socialism, a socioeconomic system that advocates social or collective ownership of the means of production and distribution, has a rich and complex history. Its roots can be traced back to Enlightenment thinkers who questioned the prevailing social order, but its formulation as a theory was consolidated in the 19th century by Karl Marx and Friedrich Engels.

Marx and Engels, influenced by English political economy and French socialism, developed a critical analysis of capitalism, arguing that this system, based on the exploitation of the working class, would lead to internal contradictions and its eventual overcoming by socialism.

The Communist Manifesto, published in 1848, became one of the most influential texts of the socialist movement, calling on workers around the world to unite against capitalist oppression.

In the late 19th and early 20th centuries, socialism spread throughout the world, with the formation of socialist parties and the organization of the workers' movement. The rise of the Second International marked a period of intense debates about the strategy of the socialist movement, with disagreements between reformists and revolutionaries. The Russian Revolution of 1917, led by Lenin and the Bolshevik Party, marked a turning point in the history of socialism. For the first time, a revolution inspired by Marxist ideas overthrew a capitalist government and established a socialist state. The Soviet experience, with its successes and failures, profoundly influenced the global socialist movement, generating debates about the construction of socialism, the role of the state and the challenges of the transition to a communist society. From the 1930s onwards, Stalinism consolidated itself in the Soviet Union, characterized by an authoritarian regime, political repression and state control over the economy. This experience generated criticism both within and outside the socialist movement, with many questioning the nature of the Soviet regime and its methods. The debate over Stalinism and its legacies continued to influence socialist thought until the end of the 20th century. In addition to the influence of the Soviet Union, socialism also manifested itself in different forms in other countries, such as China, Cuba and several countries in Africa. National liberation movements, anti-colonial struggles and the search for social justice drove the spread of socialist ideas in different parts of the world. Throughout the 20th century, socialism became one of the main global political and ideological movements, influencing debates on social justice, equality, labor rights and the organization of society. The history of socialism is marked by debates, ruptures and different interpretations, reflecting the complexity of social struggles and the search for alternatives to the capitalist system. Timeline: The History of Socialism Enlightenment (18th Century): The roots of socialism can be found in the Enlightenment, with thinkers questioning the prevailing social order. [Information beyond the sources provided.]
19th century: Karl Marx and Friedrich Engels develop a critique of capitalism, predicting its overthrow by socialism, based on English political economy and French socialism. The Communist Manifesto, published in 1848, calls for the unity of the working class against capitalist oppression. [Information beyond the sources provided.]
Late 19th and early 20th centuries: Socialism spreads globally, with the formation of socialist parties and the organization of the workers' movement. The Second International witnesses debates over the movement's strategy, dividing reformists and revolutionaries. [Information beyond the sources provided.]
1917: The Russian Revolution, led by Lenin and the Bolshevik Party, overthrows the Tsarist government and establishes the first socialist state. [Information beyond the sources provided.]
1920s: The Soviet Union faces foreign intervention and begins the first Five-Year Plan, consolidating its socialist base with the collectivization of agriculture and accelerated industrialization.
1930s: Stalinism consolidates in the Soviet Union, with an authoritarian regime and state control over the economy. [Information beyond the sources provided.]
1931-1945: The Great Depression drives political radicalization in capitalist countries, with the expansion of left-wing parties. The Soviet Union becomes an industrial powerhouse as capitalism faces crisis.
1960s: The Chinese Revolution and the peasant question mark a new epicenter of socialism, including North Korea.
1970s: Decolonization and Third World nationalism drive socialist revolutions in Cuba, Vietnam, and Africa. 1960s: In Brazil, the sociopolitical conceptions and interventions of left-wing forces (communists, socialists,  Labour and Christian leftists) are shaped by interpretations of the past, including the defeat of 1964.

The Soviet Revolution represented a rupture with the existing system, threatening the capitalist world with its durability, economic and military effectiveness and power of attraction. Moscow-led socialism influenced Western societies and governments, challenging the established order.

The collapse of the Soviet Union and the end of the Cold War at the end of the 20th century marked a new chapter in the history of socialism. [Information beyond the sources provided.]

The sources provided address socialism in different historical and geographical contexts, with a focus on the Russian Revolution, Stalinism and the influence of socialism in the world. The sources also discuss socialism in Brazil, particularly the conceptions and interventions of leftist forces during the 1960s.

Reflections on Integralism, Nazism and Bolsonarism in Brazilian Society: An Analysis of Influences and Similarities By Hallan de Oliveira

 Reflections on Integralism, Nazism and Bolsonarism in Brazilian Society:

An Analysis of Influences and Similarities

By Hallan de Oliveira

In the complex fabric of Brazilian society, it is inevitable to draw parallels between political movements of the past and the contemporary political scene. Integralism, Nazism and, more recently, Bolsonarism have occupied spaces of discussion and polarization. At the same time, the role of neo-Pentecostal churches and their relationship with the ruling classes shed light on power dynamics that permeate the current political landscape.

Brazilian Integralism, a political movement that emerged in the 1930s, played a significant role in the political history of Brazil. Led by Plínio Salgado, Integralism sought a "synthesis" between the various facets of Brazilian society, promoting nationalist, authoritarian ideals, and even fascism. Although its roots are distinctly Brazilian, the movement shared some similarities and inspirations with German Nazism.

Integralism, a political movement led by Plínio Salgado in the 1930s, was inspired by Nazism, the German regime led by Adolf Hitler. These are historical landmarks that, despite their particularities, share nationalist and, to a certain extent, racist elements. In the Brazilian context, Integralism left an ephemeral mark, but its authoritarian and nationalist ideology resonates in certain segments of society to this day, mainly in one stratum, the so-called impoverished middle class.

When analyzing Bolsonarism, we observe some similarities with ideas propagated by Integralism and Nazism. Exalted nationalism, anti-communist rhetoric and the cult of charismatic leadership have echoed in contemporary discourses. Political polarization and the search for a "common enemy" mark points of convergence, highlighting a continuity of certain authoritarian currents in Brazilian political history.

The Brazilian political scene is also influenced by a peculiar intersection between religion and politics, especially through neo-Pentecostal churches. The growth of these churches, often linked to charismatic leaders, has been remarkable, with a significant impact on opinion formation. The funding of these institutions, partly coming from the ruling classes, highlights a complex dynamic where economic interests intertwine with religious and political issues. Brazil faces crucial challenges in balancing the legacy of authoritarian movements with the construction of a more inclusive and democratic society. Political polarization, fueled by extremist rhetoric, demands careful reflection on the country's direction. The analysis of the relationships between neo-Pentecostal churches and the ruling classes highlights the importance of understanding the complex links between political, economic and religious power. When revisiting historical chapters such as integralism and Nazism in Brazilian society and observing the parallels with Bolsonarism, it is essential to consider the lessons of the past to shape a more democratic and inclusive future. The influence of neo-Pentecostal churches and their relationship with the ruling classes underscores the need for an informed debate on the intersection of religion, politics and economic power. Understanding these dynamics is fundamental to forging a society that respects democratic principles and promotes the diversity of voices and perspectives.

The Concept and Origins of Scientific Racism [By Hallan de Oliveira]

 Scientific racism, a concept that gained strength in the 19th century, was based on the distortion of scientific theories, mainly evolutionary ones, to justify racial hierarchy and the domination of certain groups over others. The origins of this distorted thinking lie in a context of scientific and social advances, but also of profound inequalities and the search for justifications for domination.

Anthropology, in its early phase, was one of the fields that contributed most to the rise of scientific racism.

Physical anthropology, focused on anatomical differences between human groups, quickly adopted the concept of "race".

This classification, combined with the discoveries of prehistoric fossils, such as Neanderthal Man, led some to associate certain physical characteristics with proximity to "lower stages" of human evolution.

Cultural anthropology, in turn, proposed that different cultures represented distinct stages in social evolution, culminating in the European "modern civilization".

Edward Burnett Tylor, one of the exponents of this line of thought, argued that humanity progressed from primitive "animism" to monotheistic religions and, finally, to the triumph of science.
These ideas, although defended by some scientists, were not supported by the scientific theories of the time.
The theory of evolution, in its essence, assumed equality among human beings since their emergence as Homo sapiens, subject to the same natural laws, but in different historical contexts.
The distorted popularization of scientific concepts, such as the "survival of the fittest", contributed to the spread of racism.
The idea of ​​"progress" was mistakenly associated with racial superiority, justifying the domination of European countries over other peoples.
Racism served as a way of rationalizing social inequalities in a period marked by the rise of the bourgeoisie and the spread of liberal and egalitarian ideals.
The contradiction between egalitarian ideology and the reality of an unequal society led to the search for justifications for class domination, and racism presented itself as a convenient response.
Science, the main asset of liberalism, was distorted to defend the idea that men were not equal, legitimizing privileges and social hierarchies.
Racism infiltrated several areas of knowledge, influencing the thinking of the time, even though it was not supported by scientific theories.
The belief in the inferiority of certain racial groups was widespread, manifesting itself in the horror of miscegenation and the idea that racial mixing would result in the degeneration of the species.

In short, scientific racism arose from the distortion of scientific concepts to justify racial and social domination. This distorted thinking was based on the racial classification of physical anthropology, the hierarchical interpretation of cultural evolution, and the mistaken application of concepts such as the "survival of the fittest." Despite having no scientific basis, racism permeated 19th century thinking, serving as a way of rationalizing inequalities in a society that was supposed to be egalitarian.

The Cold War and the Rise of the Global South: A Complex Context [Por HALLAN DE OLIVEIRA]

 The Cold War did not give rise to the Global South, but rather created the conditions for its rise and for the questioning of Eurocentrism.

Historical Context:

Rise of Capitalism and Imperialism (1789-1848): The Industrial Revolution and the French Revolution marked the beginning of an era of European expansion and conquest of the rest of the world. The military and economic superiority of the West led to the capitulation of ancient civilizations and empires, establishing unprecedented global dominance.
Napoleonic Wars (1792-1815): The Napoleonic Wars, motivated by economic and ideological rivalries, led to profound transformations in the world map and in the political atmosphere. France, despite its defeat, spread the ideas of the French Revolution, planting seeds of challenge to the Eurocentric world order.
World Wars I and II (1914-1945): The World Wars marked the collapse of Western civilization in the 19th century. The rise of fascism and the subsequent victory of the Allies created a new global scenario, with the USA and the USSR emerging as superpowers. Decolonization gained momentum after the Second World War, driven by national liberation struggles and the change in the world order.

Cold War and the Global South:

Decolonization and the Quest for Autonomy: The Cold War accelerated the process of decolonization, as the USA and the USSR competed for influence in the former colonies. The dispute between the superpowers created room for maneuver for the Third World, allowing countries in the Global South to seek greater autonomy.
Formation of Blocs and Non-Alignment: The Cold War divided the world into ideological blocs, but it also gave rise to the Non-Aligned Movement, which sought a third way, independent of the superpowers. This quest for political and economic autonomy was crucial to the consolidation of the Global South as a relevant political actor. Rise of China: With the end of the Cold War and the rise of China as an economic and political power, the Global South found new opportunities for cooperation and development, distancing itself from Western influence.

End of Eurocentrism:

Challenges to Western Hegemony: The World Wars and the Cold War weakened Western hegemony, opening the way for the rise of other powers and the challenge of the Eurocentric world order. Decolonization, the rise of the Global South and the emergence of new global powers helped redefine power relations and challenge the centrality of Europe.

Crisis of the Western Model: The interwar economic crisis and the rise of fascism exposed the weaknesses of the Western model, opening the way for the search for alternatives. The questioning of liberalism and democracy during the Age of Catastrophe contributed to the demystification of Eurocentrism.

Conclusion:

Although the Cold War did not "give rise" to the Global South, it accelerated the process of decolonization and created conditions for its rise as a global political actor. The dispute between the US and the USSR opened the way for the search for autonomy and for the challenge of the Eurocentric world order. The rise of China on the global stage consolidated this trend, offering new opportunities for cooperation and development for the Global South.

A Guerra Fria e a Ascensão do Sul Global: Um Contexto Complexo [Por Hallan de Oliveira]

 A Guerra Fria não deu origem ao Sul Global, mas sim criou condições para a sua ascensão e para o questionamento do eurocentrismo.

Contexto Histórico:

  • Ascensão do Capitalismo e Imperialismo (1789-1848): A Revolução Industrial e a Revolução Francesa marcaram o início de uma era de expansão europeia e conquista do resto do mundo. A superioridade militar e econômica do Ocidente levou à capitulação de antigas civilizações e impérios, estabelecendo um domínio global sem precedentes.
  • Guerras Napoleônicas (1792-1815): As Guerras Napoleônicas, motivadas por rivalidades econômicas e ideológicas, levaram a profundas transformações no mapa mundial e na atmosfera política. A França, apesar de derrotada, espalhou as ideias da Revolução Francesa, plantando sementes de contestação à ordem mundial eurocêntrica.
  • Primeira e Segunda Guerras Mundiais (1914-1945): As Guerras Mundiais marcaram o colapso da civilização ocidental do século XIX. A ascensão do fascismo e a subsequente vitória dos Aliados criaram um novo cenário global, com os EUA e a URSS emergindo como superpotências. A descolonização ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, impulsionada pelas lutas de libertação nacional e pela mudança na ordem mundial.

Guerra Fria e o Sul Global:

  • Descolonização e a Busca por Autonomia: A Guerra Fria acelerou o processo de descolonização, à medida que os EUA e a URSS competiam por influência nas ex-colônias. A disputa entre as superpotências abriu espaço de manobra para o Terceiro Mundo, permitindo que países do Sul Global buscassem maior autonomia.
  • Formação de Blocos e Não Alinhamento: A Guerra Fria dividiu o mundo em blocos ideológicos, mas também deu origem ao Movimento Não Alinhado, que buscava uma terceira via, independente das superpotências. Essa busca por autonomia política e econômica foi crucial para a consolidação do Sul Global como um ator político relevante.
  • Ascensão da China: Com o fim da Guerra Fria e a ascensão da China como potência econômica e política, o Sul Global encontrou novas oportunidades de cooperação e desenvolvimento, distanciando-se da influência do Ocidente.

Fim do Eurocentrismo:

  • Desafios à Hegemonia Ocidental: As Guerras Mundiais e a Guerra Fria enfraqueceram a hegemonia ocidental, abrindo espaço para a ascensão de outras potências e para a contestação da ordem mundial eurocêntrica. A descolonização, a ascensão do Sul Global e o surgimento de novas potências globais contribuíram para redefinir as relações de poder e desafiar a centralidade da Europa.
  • Crise do Modelo Ocidental: A crise econômica do entreguerras e a ascensão do fascismo expuseram as fragilidades do modelo ocidental, abrindo espaço para a busca por alternativas. O questionamento do liberalismo e da democracia durante a Era da Catástrofe contribuiu para a desmistificação do eurocentrismo.

Conclusão:

Embora a Guerra Fria não tenha "dado origem" ao Sul Global, ela acelerou o processo de descolonização e criou condições para a sua ascensão como um ator político global. A disputa entre EUA e URSS abriu espaço para a busca por autonomia e para a contestação da ordem mundial eurocêntrica. A ascensão da China no cenário global consolidou essa tendência, oferecendo novas oportunidades de cooperação e desenvolvimento para o Sul Global.